A alagoana Ediluzy dos Santos, de sorriso largo, 39 anos, e radicada em Sergipe, na cidade de Neópolis desde a adolescência, fala ao Cinform, com exclusividade. Isso acontece após as denúncias veiculadas pela mídia, a partir do indiciamento dela pela Policia Federal (PF), que deflagrou, há duas semanas, a Operação Árion, para investigar ilícitos no Arraiá do Povo, evento promovido pelo governo do Estado. Atualmente, o inquérito policial já está na justiça. Acerca das denúncias, Luzy se diz inocente. A respeito de 97% dos artistas sergipanos trabalharem com a produtora Marya Bunita, a mulher alega que isso é o resultado do trabalho dela, construído há anos, onde a confiança é o segredo de sucesso. Confira agora essa entrevista:

Cinform – Você é proprietária ou é somente responsável pela Luzy?

Luzy – Não sou proprietária, mas sou a responsável geral pela Marya Bunita.

Quem é proprietário (a) da Luzy?

Érica Patrícia.

Você se viu em um emaranhado de escândalos, o que você tem a dizer sobre isso?

Na verdade, eu tomei um impacto tão grande, nem sei dizer qual foi a minha reação. De ver (pelo inquérito da Polícia Federal – PF) que eu fraudei um edital do qual eu nem participo da seleção. Eu inscrevo os artistas (nos projetos). Eu não sou procurada pela Secretaria de Cultura do Estado, sou procurada pelos artistas. E eu não inscrevo somente para Sergipe. Inscrevi Mestrinho para Caruaru, Taís para Caruaru, Erivaldo para Caruaru. Eu vivo aprendendo a cada dia que o Edital é a forma mais legal (pelas vias da lei) de você entrar em uma festa. Hoje não se escolhe uma empresa, escolhem um artista. Se o você (artista) tem um portfólio bem feito, você entra.

O que é um portfólio bem feito?

É ter uma discografia, release, projeto do show, fotos e cartazes antigos de outros shows e três notas ficais para provar que existe um trabalho anterior; para provar que o artista não surgiu agora, não apareceu agora.

Você falou de aparecer agora. E você, Luzy, apareceu agora?

Eu trabalho desde 2010. Acho que sou muito bem vista pelo meu jeito. Por ser mulher. Só tem eu de mulher nesse mercado de produção, não tem outra mulher no Estado, que eu conheça. Eu sou a única. E represento muitos artistas… em Laranjeiras, Japaratuba, Japoatã, o baixo São Francisco todo; as quadrilhas, que são de vários lugares.

Por que tantos artistas trabalham com você, 97% com você?

Acho que é porque eles confiam em mim.

Não teve ou tem alguém que você estaria protegendo; um homem, uma mulher, que você estaria protegendo. Alguém grande que você está protegendo?

Ninguém. E eu vou te explicar porque não tem. Olha, vou te contar a minha história. Eu nunca fiz uma entrevista como estou fazendo com você, é exclusiva. Por quê? Porque eu achei que eu não era tanta coisa para acontecer tudo isso. Eu não imaginei que meu nome, a Luzy; hoje eu administro a Luzy, mas a empresa é Marya Bunita. Mas ninguém entra aqui falando Marya Bunita, eles (artistas) dizem assim: eu vou procurar a Luzy. Eu sou de Alagoas, moro muito tempo em Sergipe, Neópolis, fui frentista, balconista, trabalhando sempre com gente, com povo. Conheci uma pessoa na minha escola que me disse que eu era a cara desse trabalho com festas. Então vim trabalhar no meio artístico e me dei super bem. Eu vim de Neópolis pra cá, justamente com um Cinform nas mãos. Eu vim do interior procurando o que todo mundo procura na capital: trabalho. Eu não vim porque sou amiga, namorada ou amante de um político. E o meu trabalho é de boca em boca, eu pago certinho, eu [pago] tudo com cheque, não tem essa coisa de R$ 20 seu, R$ 20 meu, e R$ 20 para o fantasma.

“Ele me pediu para emitir a nota. Eu não recebi subvenção nenhuma. Fui confiar em uma pessoa (Givaldo) e me prejudiquei”

Mas você sabe que ir falar na PF é complicado …

É complicado…

Eu particularmente estive na PF, há uns 3 meses, e está chegando muita coisa lá. E aí?

Eu não acho que ninguém vai falar nada pra mim.

Mas tem muita gente indo dizer o seu nome?

Indo na polícia dizer que eu recebi algum valor? Ir na polícia dizer isso?

Isso, ir na polícia dizer isso.

Eu não acredito que tenha ocorrido esse fato, porque eu nunca fiz isso.

Há pessoas que dizem na PF que você está envolvida, você tem como provar que não está envolvida?

Tenho, tenho como provar sim. Todos esses arquivos aqui que você está vendo são notas fiscais com recibos. Existe toda uma documentação possível que se leva aos órgãos específicos: Prefeitura, Sebrae, etc. Com propostas, certidões negativas, três notas fiscais. Não é só com o Estado, todas as seleções e editais são assim. Eu já fiz até evento para o Ministério Público porque eles (MP) procuraram os artistas. Não sou eu que faço isso… a seleção. Eu nunca selecionei ninguém. Queria ter o dom e a sorte de fazer um Forró Caju na vida.

Mas você sabe que tráfico de influência existe não é? Eu sou amigo de fulano, eu vou facilitar para fulano…

Eu acho o seguinte: para encontrar a verdade, tem que ver quem fazia esse trabalho antes de mim.

E quem fazia antes de você?

Então, eu não vou ser tão (específica assim). Isso tudo está atingindo a minha família, eu tenho uma filha de 4 anos, ela já consegue entender que o nome da mãe dela é Lucy porque todo mundo chama esse apelido, é um pedaço do meu nome. O meu pai é uma pessoa simples (…). E eu não quero falar, ser tão ruim, como essas pessoas que estão indo na mídia, falando tanta besteira.

Mas não é a mídia. É a Polícia Federal. Há pessoas que foram chamadas na PF e falaram sobre você. Isso é muito sério

Eu não vi nenhuma pessoa falando de mim. Eu estive na PF. Na verdade eu vou sempre na Polícia Federal, e eu vou sem advogado. Eu tenho endereço fixo, meu telefone, só não estou atendendo porque está lá (apreendido pela PF).

Essa história da PF dizer sobre várias empresas, mas todas com um telefone só?

A Luzy é minha, é a minha produtora. Por que eu deixei de trabalhar com a Luzy? Eu estava doida para alguém me perguntar isso, ainda bem que você me perguntou. Quando teve o caso das verbas de subvenções (material exclusivo publicado pelo Cinform, em dezembro de 2012, que culminou com o processo instaurado pelo MPF), uma pessoa, Givaldo, que faz evento também, me procurou porque ele não conseguia dar a nota. Ele me pediu para emitir a nota. Eu não recebi subvenção nenhuma. Fui confiar em uma pessoa (Givaldo) e me prejudiquei. Por que eu não continuei com a Luzy? Porque naquela época, o Ministério Público me perguntou assim: “você tem lucro?” Eu disse que sim. Porque eu vivo do meu trabalho de produtora. Aí eles (MP) me informaram que Organização Não Governamental – ONG – (e a Luzy era uma ONG) não pode ter lucro. Sabe quantas produtoras são ONGs aqui e fazem isso? Trabalham como se fossem ONGs, mas lucram, sabe quantas fazem isso? Várias. Eu não fui a primeira.

“Eu nunca selecionei ninguém. Queria ter o dom e a sorte de fazer um Forró Caju na vida”

Mas você sabe que está errado?

Está errado. Mas eu não sou a primeira. Inclusive eu trabalhava assim com a Beija-flor.

Mas você tem noção que está errado?

Não. Eu fui ter noção depois. Porque como eu trabalho com cultura, com artesãos também, eu achava que a cultura era uma coisa que não podia pagar tantos impostos. Eu pagava só o ISS – Imposto sobre serviços – para mim estava correto. E a subvenção veio, estragou com o meu nome, e o MP disse: ‘Luzy, você tem três empresas em seu nome – Beija-flor, Luzy e Marya Bunita – então eu escolhi. A Luzy foi idealizada por mim, de algo que eu aprendi com Tonhão do Imbuaça. Então, esse nome Luzy… O promotor fez as mesmas perguntas que você está me fazendo. Bem assim, você é laranja de quem? Quem você está protegendo? E eu disse, não estou protegendo ninguém.

E essa história de 12%, de 17%…

Outra pergunta que eu queria muito. Os 12% cobrados era quando eu trabalhava com a Luzy. Hoje, eu cobro 17% porque a empresa Marya Bunita é Simples Nacional. No final sobra somente 17% aqui para a produtora.

Essa história de eles tocarem, cantarem, e não receberem?

Em todos os eventos os artistas recebem. Agora, o Forró Caju é uma incógnita pra mim. Não sei nada sobre isso. E sobre todos esses escândalos, tenho a dizer que não sou nada do que estão falando por aí. Na verdade, eu queria que as pessoas soubessem quem é a Luzy.

E quem é a Luzy?

Sou negra, sou produtora cultural, sou mãe, sou cotada como a musa dos artistas sergipanos porque eu tenho paciência com eles, eu sou uma mulher que trabalha pelo pão de cada dia. Nunca me envolvi com nenhum artista, nem com político. O único dinheiro que entra alto aqui é na época do São João.

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