O câncer de colorretal é o segundo mais comum entre as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de mama, enquanto que nos homens ele é o terceiro mais comum atrás do câncer de próstata e de pulmão. No entanto, pouco se fala sobre ele. O que dificulta o seu diagnóstico e o seu tratamento precoce, que aumenta as chances de cura.

A professora aposentada Ana Angélica Freitas Góis não sabia nada sobre a doença e só descobriu que tinha câncer de colorretal após uma amiga lhe chamar a atenção sobre a possibilidade de ela ter alguma doença no trato digestivo inferior.

“Não percebi os sintomas, ou melhor, não dei tanto atenção aos mesmos. Descobri o câncer, durante, um acidente grave do meu filho, que na época tinha dois anos de idade. Uma vizinha que tem doença de Crohn estava comigo no hospital socorrendo meu filho percebeu em mim sinais que indicavam problemas e sugeriu a minha ida então a sua proctologista. Fui à médica e daí se instaurou todo o processo complexo do câncer agressivo que eu já apresentava”, comenta.

Dr. William Giovanni Soares, oncologista clínico

Segundo o oncologista clínico William Giovanni Soares, os principais sintomas da doença são alteração do hábito intestinal (diarreia ou prisão de ventre), dor e desconforto abdominal, presença de sangue e muco nas fezes, evacuações dolorosas, fraqueza, perda de peso inexplicada, náuseas e vômitos. Ainda segundo ele o câncer de colorretal muitas vezes é silencioso e os sintomas só se manifestam quando o câncer está em estágio avançado.

Alguns fatores de risco podem aumentar as chances deste tipo de câncer como uma dieta rica em gorduras e carnes vermelhas, processadas e embutidas, consumo excessivo de álcool, sedentarismo e tabagismo, além de fatores genéticos. Por isso a importância de dar preferência a uma dieta rica em fibras, com alimentos in natura, como vegetais e legumes; limitar o consumo de carnes vermelhas a até 500 gramas por semana e manter o peso corporal dentro dos limites da normalidade.

DIAGNÓSTICO PRECOCE

Como o câncer de colorretal muitas vezes é silencioso, o oncologista William Soares recomenta que os pacientes procurem um médico mesmo sem terem sintomas. Segundo ele, o ideal é que o seu médico da família ou o seu clínico geral, solicite exames de detecção precoce a partir dos 45 anos e que, se estes exames mostrarem alguma suspeita desta neoplasia, você seja referenciado para um especialista.

Quanto mais cedo esse tumor for descoberto maiores serão as chances de cura e mais simples, barato e rápido será o tratamento. O diagnóstico precoce pode levar a chances de cura muito próximas de 100% com custo três vezes menor, quando comparamos ao tratamento de pacientes com tumores avançados. Os exames de pesquisa de sangue oculto nas fezes ou de colonoscopia são de grande importância, pois podem detectar lesões ainda em fase inicial e mesmo antes de se transformarem em câncer. Como é uma doença que acomete principalmente pessoas a partir da quinta década de vida, recomenda-se um exame de fezes anual chamado de pesquisa de sangue oculto nas fezes, ou uma colonoscopia a cada 10 anos a partir dos 45 anos, pelo menos até os 75 anos de idade”, explica o médico.

A VIDA PÓS-CÂNCER

Ana Angélica recebeu o diagnóstico de câncer em 2013

Após o fim do tratamento contra o câncer, a professora Ana Angélica conta que tudo mudou em sua vida e também na vida das pessoas ao seu redor. 

“Tudo se transformou em nossas vidas. Há um enredo muito amplo, para todos que vivem o câncer, não só o paciente, mas as pessoas que vivem ao seu redor, desde familiares aos amigos mais distantes se envolvem. Novos parceiros surgem, redes se constroem pelo mundo, acerca da doença e todos os seus possíveis contextos. Vivo uma vida repleta de novas possibilidades e limitações. Me afastei imediatamente das atividades profissionais e cotidianas. Uma nova aprendizagem se constrói e os valores se manifestam de forma diferente em seu dia a dia”, comenta

Ela comenta ainda sobre a sua vivência com a doença e o que mudou de 2013, quando descobriu a doença, para cá.

“Me sinto viva, mas não considero ter vencido o câncer. Me entreguei ao momento da doença e vivi cada minuto dela de acordo com a sua manifestação. Fui no ritmo dela, deixei que o processo acontecesse e realizasse as mudanças necessárias no meu organismo. Entendo também a doença além do corpo físico e cuidei com disciplina, respeito, entrega e muita gratidão aos meus médicos. Tenho uma família muito competente ao meu lado. Uma nova companheira que é a ostomia já que após a doença me tornei colostomizada e um universo de cuidados me transforma a cada dia. Acredito que a vida é um jogo, uma dança e sigo um ritmo especial de alegria para viver além cada dia”, acrescenta.

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