Disparo contra a carne de sol, sou forte, sou por acaso
O doce de leite – também conhecido como ambrosia – ainda dominava o tráfego áereo no céu da boca quando a gente sentou pra escrever sobre a Carne de Sol da Marizete. Parecia ter acabado de sair da panela às 13h07 quando chegou à nossa mesa e fez com que Bebel finalmente aceitasse nosso convite para sentar.
Pra chegar na Carne de Sol da Marizete não pode ter medo de comunidade. Fica no coração do Bairro América. Fácil de chegar e de estacionar, o lugar é uma casa de esquina, avarandada, com suas mesas de plástico e toalhas verdes do mesmo material, um pé de ficus na frente faz sombra e também se conecta com outros bairros através de suas raízes viajantes. Quem tem um ficus sabe do que ele é capaz. Se tiver um na porta da sua casa, acredite, a raiz pode estar chegando na privada do quarto do fundo e vai acender a luz sem ninguém perceber.
De tanto escutar ‘rapaz, tem uma carne de sol ali no Bairro América que você precise provar’, sentamos e nem cardápio pedimos. ‘Pode trazer a carne de…’ Chegou. Sim. É bem rápido. Digamos que você tivesse pedido a carne de sol no começo da leitura dessa matéria. Ela já teria chegado há uns 4 minutos. É mais rápida que o wifi que ela disponibiliza. Nem no drive-thru do McDonalds é assim.
A carne é macia, saborosa e a porção pra duas pessoas é sem miséria. Acompanha o famoso KCP (kit-churrasco-parado) com arroz, feijão tropeiro (pode ser em caldo), quiabada, macarrão de caminhoneiro, vinagrete e farofa.
Como um restaurante raiz que se respeita, na CDSM tem talher com garfo verde e faca laranja.
Se não tiver, desconfie da qualidade. O prato transparente faz a comida parecer flutuar, o que ajuda na digestão, já que o cérebro pensa logo ‘é uma comida leve. Vou relaxer mais’.
‘Traga dois carneiro’, gritou um senhor com a maior pinta de mecânico. Era Seu Alcíades, que sem interesse nenhum da nossa parte, nos permitiu uma conversa rápida sobre platô deslizando e balança precisando trocar, e sem nos darmos conta já estávamos provando do carneiro de Seu Alcíades. Uma farofinha e uma pimenta Gota, deram o tom da conversa.
Na volta à nossa mesa, provamos o pudim e a ambrosia, que tava linda. Não sei se você vai dar a sorte de pegar como eu peguei, saindo da panela pr’aquele copinho descartável sentir o que era felicidade. Como doce pede água, uma água daquela de geladeira em garrafa pet pra gente sentir o verdadeiro sabor do lugar.
SERVIÇO
Onde: Rua José Emídio da Costa com Rua Maria Pureza dos Santos. Use o Google Maps.
Preço: R$ 35, a carne de sol pra duas pessoas
Coisa boa: tá perto da igreja dos Capuchinhos.
Uma coisa excelente: o vizinho botou Leo Santana pra gente ouvir.
Coisa ruim: não aceita cartão. Só dinheiro!
Como pagar: volte uma casinha
Estacionamento: ali na rua mesmo
Funcionamento: só fecha domingo e feriado