Existe uma multidão de cerca de 60 milhões de eleitores que votaram em Bolsonaro para presidente. Essas pessoas estavam cansadas do inferno gerado pelos sucessivos governos do Partido dos Trabalhadores, que mergulharam o Estado brasileiro em um inferno de corrupção, que descambou para uma roubalheira institucionalizada e generalizada. Falou-se muito de R$ 1 trilhão, como valor estimado do que foi desviado do erário para os bolsos de empreiteiras e políticos manhosos.
Pois bem: essa parcela da população, que não mamava nas tetas do Estado, já arruinado, que estava revoltada com o mar de lama em que chafurdava a elite política, e que não concordava com a sua forte guinada ideológica à esquerda, aspirava por uma redenção, ainda que vinda de um improvável candidato sem histórico e sem projetos.
Catapultado pela peixeirada no abdómen, desferida por um desvairado, que quase lhe tira a vida, o capitão passou a liderar as pesquisas, e, àquela altura, bastava ficar no hospital e esperar os resultados das urnas, que lhe sorriram com uma bela vitória sobre o preparado professor petista.
Assim se passaram esses dois anos, praticamente engolidos por uma pandemia que grassou pelo País, ceifando, até aqui cerca de 275 mil vidas, lembrando que esse número macabro aumenta na ordem de 2 mil mortes por dia.
Para que o presidente do Brasil surfasse numa onda de aprovação popular máxima, bastava que adotasse uma postura óbvia: aliar-se à ciência, porque não existe ainda um caminho mais lógico, mais assertivo.
Sem falar que, aliando-se ao conhecimento científico, jamais poderia ser acusado de culpa ou dolo, porque estaria compondo a excelência da inteligência e do conhecimento humanos.
Mas, não! Preferiu alinhar-se com o já esquecido Trump e peitar os cientistas; apostar em medicamentos de eficácia duvidosa; ouvir os malsinados “arautos do rei”, que ousam sabotar a verdade para agradar o chefe, verdadeiros áulicos que, facilmente, descaminham um presidente, que, a bem da verdade, já não exibe um equilíbrio à altura da dignidade esperada pelo supremo magistrado de uma grande nação, como é o caso do Brasil.
Um exército de jornalistas espreita cada palavra, cada frase de Bolsonaro, muitas vezes descontextualizando-as, para vendê-las aos noticiários da grande mídia, que tem o capitão atravessado na garganta, já que sofreu duros cortes nas verbas de propaganda oficial, verbas de bilhões de reais.
Mas não se pode condenar os jornalistas, essa atividade faz parte do seu papel de investigar, perscrutar. O problema está em Bolsonaro, que sempre dá matéria de sobra para sua própria desgraça, o que dá munição aos partidos de oposição para viverem ocupados em mover ações até de impedimento do presidente.
A ausência de qualquer episódio de corrupção no âmbito do Governo Federal não interessa à mídia, não sensibiliza a população, não motiva as instituições de Justiça. Parece até que a honestidade, hoje, é uma atitude vergonhosa, o que está irritando muita gente da cúpula.
Então, resta aos profetas do caos rezarem pela continuidade dos tropeços de Bolsonaro, um sujeito que fala sem pensar, fala o que vem à boca, e que não parece desejar mudanças comportamentais em sua postura diante dos apoiadores que se plantam à porta do palácio.