Servidores estão recebendo pelo menos 60% a mais que o salário com gratificações e horas extras

Os pais de internos do Centro de Atendimento ao Menor (Cenam) ficaram indignados com a reportagem desta semana do CINFORM que apurou e confirmou a denúncia de salários superfaturados de servidores da Fundação Renascer. Está aberta a temporada na farra de salários altos com pagamentos excessivos com gratificações e horas extras para alguns servidores.

“Essa farra de gratificações e horas extras é um absurdo. Estão ganhando muito bem e ainda pedem que a gente leve produtos de higiene e lanche. Mas dinheiro para triplicar os salários dos servidores tem?”, reclama o pai de um adolescente.

A falta de estrutura das unidades socioeducativas preocupa os pais. “Se não tem produtos de higiene é possível que venha a falta alimentação também. Nos esforçamos para levar o que eles pedem para não deixar faltar nada para os adolescentes”, desabafa a mãe de dois internos.

Ele ainda questiona que falta programação educativa para os internos. “Os adolescentes contam apenas com o ensino regular e raras atividades recreativas. Os cursos profissionalizantes não são realizados”, garante.

A assessoria de imprensa disse que a Fundação Renascer também enfrenta problemas financeiros. “Mas nada que atinja o extremismo de solicitar que rentes dos adolescentes acolhidos pela instituição sejam convidados a doar utensílios de higiene básica e pessoal. Nas unidades apenas é permitido entrar nos dias de visita com lanches e sucos, os quais são devidamente vistoriados antes mesmo de o parente ter contato direto com o adolescente”.

Supersalários
De acordo com um funcionário que preferiu não ser identificado, os ‘benefícios’ são para um grupo seleto. “Para aumentar os salários e beneficiar alguns servidores, a Fundação Renascer vem burlando a legislação há algum tempo e pagando de forma irregular valores referentes a plantões extras sem que o servidor cumpra de fato a carga horária exigida. Tudo isso de forma a aumentar os valores das gratificações pagas”.

O CINFORM teve acesso às folhas de pagamentos dos servidores da Fundação Renascer através do Portal da Transparência e comprovou a denúncia. Dos 20 avaliados, quatro estão ganhando mais que o diretor-presidente, Wellington Dantas Mangueira Marques, que recebe um salário de cerca de R$ 6mil com gratificação. Uma orientadora de serviço social que tem salário-base de menos de R$ 1mil recebeu R$ 10.578,96 com gratificação e horas extras em dezembro do ano passado. No mesmo mês, outras duas profissionais que têm o mesmo cargo receberam R$ 7.343,48 e R$ 7.707,50, enquanto isso, uma assistente social faturou R$ 7.580,99.

A folha de pagamento chama atenção porque cerca de 20 servidores estão recebendo pelo menos 60% a mais que o salário-base com gratificações e horas extras. Entre os profissionais estão orientadores sociais, assistentes sociais, pedagogos e agentes de segurança.

A assessoria de imprensa da Fundação Renascer informou que as gratificações e horas extras são realizadas conforme a necessidade da administração. “Essa divisão fica a cargo dos diretores das unidades. Todos os benefícios extras são averiguados com o máximo de rigor a fim de evitar irregularidades e ilegalidades, as quais, inclusive, não foram detectadas nos últimos três anos pelo Tribunal de Contas de Sergipe. Desde que o vencimento mensal esteja dentro daquilo permitido por lei, o próprio presidente não se incomoda em receber menos que outros profissionais atuantes na instituição”.

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