A Assembleia Nacional da Venezuela, formada em sua maioria por opositores de Nicolás Maduro, aprovou um acordo que autoriza a entrada de ajuda humanitária no país, para amenizar os impactos da crise social venezuelana.

O acordo foi aprovado ontem (15) prevê “autorizar a ajuda humanitária para atender à crise social” e “apelar aos organismos multilaterais a não permitir o monopólio do Estado sobre a administração e orientação de ajuda humanitária”.

Segundo o documento, o Parlamento apela também para que fundos de organismos bilaterais ou de agências de cooperação sobre a atribuição de subsídios diretos a lares mais vulneráveis sejam aprovados.

“Que se permita a entrada no país de vacinas para subir o nível atual de cobertura de 25% ao padrão internacional de 98%, para assim atender as epidemias de sarampo e difteria, assim como o tratamento para a malária”, diz o texto do acordo.

A Assembleia Nacional quer ainda todos que os centros de nível primário de saúde tenham suplementos nutricionais, alimentos terapêuticos e esquemas suplementares para grávidas. O documento também prevê “apelar e gerir a produção e importação extraordinária de alimentos básicos para abastecer o país”.

Segundo o Parlamento venezuelano, “o regime de Nicolás Maduro produziu a pior crise humanitária da história da Venezuela, que se traduziu em fome, hiperinflação, escassez de medicamentos e alimentos”.

Números

Os resultados de uma pesquisa sobre as condições de vida dos venezuelanos, elaborada por várias universidades, mostram que 87% da população estão em situação de pobreza, mais de 8 milhões de cidadãos comem duas ou menos vezes ao dia e seis em cada 10 venezuelanos perderam em média 11 quilos no último ano.

Dados da Caritas venezuelana demonstram que duplicaram os níveis de desnutrição em crianças e grávidas, que há mais de 30% de prevalência de retardo irreversível no crescimento, mesmo entre crianças recuperadas da desnutrição.

O documento refere ainda que 88% dos hospitais têm falta de medicamentos e materiais médicos, 100% dos laboratórios prestam um serviço intermitente, 96% dos serviços de nutrição hospital não estão ativos, 66% dos serviços pediátricos não contam com fórmulas para recém-nascidos, 59% das camadas dos hospitais não estão operacionais, 53% dos pavilhões dos centros de saúde públicos não funcionam e 79% deles não têm água.

Em fevereiro de 2016, o Parlamento decretou emergência alimentar no país e o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou, em setembro de 2018, uma resolução reconhecendo a crise humanitária na Venezuela.

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