Aumento no consumo de bebidas em lata e sustentabilidade faz com que empresas como Ball e Novelis apostem na reciclagem do alumínio no Brasil, que hoje já é de 98,7%

O Brasil é referência no mercado mundial de reciclagem de latas de alumínio. Enquanto a média global de reciclagem é de 71% do mercado, por aqui o índice é de 98,7% e, ainda assim, com um enorme potencial de crescimento.

Um dos motivos para isto é a expertise do Brasil na gestão do resíduo desse tipo de material. “A lata de alumínio atingiu um nível de reciclagem acima de 95% já em 2004 e vem mantendo o crescimento. Ano passado 33 bilhões de latas foram recicladas. Isto ocorre porque o preço do material é melhor para o catador e a cooperativa, o volume para o transporte, além da chance de transformar o material em um produto de maior valor, como um componente automobilístico”, diz Estevão Braga, Diretor de Sustentabilidade da Ball para América do Sul.

O mercado brasileiro de latas de alumínio continua a crescer, tendo registrado uma alta pelo quinto ano consecutivo, de 5,2% em 2021, segundo informações da Abralatas. A cerveja em lata, por exemplo, apresenta um aumento nas vendas e, em 2020, 70% das cervejas no Brasil passaram a ser envasadas na embalagem. Em 2019, esse número era de 55%, havendo uma mudança de cenário também pela pandemia da covid-19 e o consumo em casa, que não deve retrair ao patamar anterior.

Neste cenário, a Ball tem trabalho para atender uma demanda do mercado que cada vez entende a importância das latas nos negócios, vide o aparecimento de marcas de bebidas prontas, vinhos e águas em latas. “No ano passado inauguramos uma planta em Frutal (MG) que agora está produzindo um milhão de latas a mais do que o restante do mercado brasileiro. Estamos aumenta o esforço de produção em todas as unidades”, diz Estevão. No Brasil a Ball possui 12 fábricas, o que coloca o país entre os principais mercados globais da companhia, onde representa 47% do mercado.

Além disso, a companhia conta com a importante parceria da empresa de laminação e reciclagem de alumínio Novelis, que foi a responsável pela recuperação recorde de 21 bilhões de latas de alumínio no Brasil em 2021, 2 bilhões a mais que no ano anterior e 64% do total de 33 bilhões de latas recicladas no país.

Para atender ao mercado, no ano passado, a Novelis finalizou os investimentos de 750 milhões de reais que elevaram a capacidade de reciclagem para 490 mil toneladas por ano. Agora, em março, a companhia anunciou mais um novo pacote de investimentos, de mais de 450 milhões de reais que aumentará para 750 mil toneladas/ano a produção anual de laminados.

“Estamos investindo por acreditar que o mercado entendeu os benefícios da lata, assim como o consumidor que vê vantagens no preço do produto e na sustentabilidade. Hoje a lata tem um ciclo de 60 dias entre a compra, consumo, reciclagem e retorno para a prateleira”, diz Beatriz Sobreira, Gerente Sênior de Estratégia e Sustentabilidade da Novelis América do Sul

Sustentabilidade

O alto índice de reciclagem de latas no Brasil traz ganhos efetivos para a sustentabilidade do planeta e dos negócios. Além do fato de não deixar o resíduo no aterro, a reciclagem da lata de alumínio pode proporcionar uma redução de até 70% nas emissões de CO2 necessárias para a fabricação quando comparada com a lata de alumínio primário.

Para além do mercado em geral, as companhias também tem feito seu papel ao anunciar metas e compromissos. Na Ball, por exemplo, há a intenção de se utilizar 100% de energia elétrica renovável e reduzir em 55% emissões de gases de efeito estufa até 2030. As emissões de carbono devem ser zeradas até 2050. “Junto com as metas, a Ball também propõe um esforço contínuo e em conjunto entre marcas de bebidas, varejistas e fabricantes de embalagens de alumínio, para fazer com que latas, garrafas e copos de alumínio atinjam um índice de reciclagem global de mais de 90% e uma média global de conteúdo reciclado por embalagem de até 85%”, diz Estevão.

Já a Novelis anunciou um compromisso global de sustentabilidade no qual primeiro passo será atingir o de reduzir a pegada de CO2 em 30% até 2026, assim como em 20% de redução de resíduos para aterros e 10% de redução na intensidade de energia e consumo de água. Além disso, a companhia atua desde 2013 com o projeto Gestão de Cooperativas.

A iniciativa, realizada em parceria com a ONG Reciclázaro, visa enaltecer e aplicar a economia circular com a comercialização dos materiais recicláveis, que se fortalece ao ser mais vantajoso financeiramente para cooperativas e indústria. O objetivo é profissionalizar o trabalho dessas cooperativas por meio de estratégias que envolvem gestão administrativa, segurança do trabalho e bem-estar.

“A reciclagem de uma tonelada de lata de alumínio, por exemplo, evita a extração de cinco toneladas de bauxita, reduz em 95% o consumo de energia elétrica e a emissão de CO2, além de contribuir com a renda de cerca de 800 mil famílias. Sabemos da importância desse trabalho e buscamos contribuir ainda mais com metas próprias”, afirma Beatriz.

 

 

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