No início deste mês, quando o presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), assinou a portaria que concedia reajuste de 33,24%, estabelecendo um novo valor do piso salarial profissional nacional para os profissionais do magistério público da educação básica, alguns prefeitos e governadores começaram a questionar publicamente o aumento, considerado a maior correção salarial desde a implantação da Lei do Piso (Lei Federal Nº 11.738/2008).
Alguns municípios sergipanos e o Governo do Estado começaram a dialogar com os sindicatos sobre a correção salarial e o cumprimento da Lei federal. Até o fechamento desta matéria, apenas a Prefeitura de São Cristóvão manifestou publicamente que vai cumprir integralmente o reajuste de 33,24%. Outros municípios estão dialogando com a categoria, como é o caso de Lagarto. Porém, o valor apresentado foi de 19%, pouco mais da metade do valor estabelecido pelo Governo Federal.
Na quinta-feira, professores da Rede Pública Municipal de Lagarto protestaram no prédio da Prefeitura, em seguida realizaram uma assembleia, onde por unanimidade, a proposta apresentada pelo Poder Executivo foi rejeitada. Na oportunidade, os profissionais decidiram não participar da jornada pedagógica que aconteceu no sábado (19).
Na avaliação do Sindicato de Educação Básica do Estado de Sergipe (SINTESE), o que falta em Lagarto é vontade política da gestão municipal em valorizar o magistério, pois não existem problemas financeiros para aplicação da lei do piso. O Município de Lagarto é administrado pela Hilda Ribeiro (Solidariedade), esposa do deputado federal Gustinho Ribeiro, também do Solidariedade. O parlamentar é vice-líder do Governo Federal na Câmara dos Deputados. Cabe ressaltar, que foi o presidente Jair Bolsonaro que concedeu o reajuste de 33,24%.
Ao SINTESE, a gestão municipal colocou como obstáculo, dificuldades financeiras. o sindicato garante que no período de 1º a 16 de fevereiro de 2022, o Município de Lagarto recebeu repasses do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) que totalizavam R$ 6.854.016,26, quase o mesmo montante do mês de fevereiro em 2021. A entidade sindical alega que o Município pode receber entre dois e três repasses até o fim deste mês.
Para o SINTESE, as perdas salariais dos profissionais do magistério da Rede Pública Municipal de Lagarto giram em torno de 27%, pois não foram registradas atualizações do piso entre os anos de 2014 e 2020.
O diretor do Departamento de Bases Municipais do SINTESE, professor Benizário Júnior, reforçou que o órgão continua aberto às negociações, apesar da Prefeitura de Lagarto não ter sinalizado o cumprimento do reajuste garantido por lei. “Os professores e professoras estão indignados com o descaso da administração com o magistério, a prefeita sequer recebeu os professores e envia uma proposta vergonhosa como essa. O magistério lagartense quer o que é seu por lei e de direito, nada mais”, destacou.
Nesta segunda-feira (21), a categoria do magistério estará reunida em nova assembleia para deliberar encaminhamentos de luta para os próximos dias.
Entramos em contato com a Secretaria Municipal de Comunicação da Prefeitura de Lagarto, mas até o momento nenhuma resposta foi enviada à Redação do Cinform On line.
Por Keizer Santos