Uma pesquisa divulgada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, em um estudo realizado com crianças e adolescentes sobre o acesso e uso da rede, apontou um crescimento significativo na proporção de usuários da rede na faixa de 9 e 10 anos. De 79% em 2019, houve um aumento de quase 15 pontos percentuais, chegando a 92% em 2021. Os números foram divulgados no ano passado, mas os dados têm chamado a atenção de especialistas que alertam para o impacto da utilização excessiva das telas no desenvolvimento das crianças.
A psicóloga do Centro Especializado em Reabilitação José Leonel Ferreira Aquino – CER IV, Marluce Lima, explica como o uso excessivo de celulares, tablets e do próprio computador pode afetar no desenvolvimento das crianças.
“A partir do momento que a criança precisa de uma interação para o desenvolvimento das habilidades e do próprio relacionamento interpessoal, esse contato mais próximo com as telas pode gerar transtornos como ansiedade, problemas de visão, dificuldades para dormir, problemas de aprendizagem, além de afetar a interação social e ter impactos cognitivos, afetivos e psicomotor”, enfatizou. Entre as habilidades psicomotoras estão o sentar, andar, correr, entre outras.
Marluce Lima, psicóloga
A especialista destacou ainda como as atividades e brincadeiras da infância contribuem com o desenvolvimento infantil. “As crianças também aprendem brincando como, por exemplo, pulando corda e jogando amarelinha e essas brincadeiras trabalham o movimento, trazem situações que são pertinentes à infância que é o compartilhamento de brinquedos e fazem com que as crianças aprendam a agir em determinadas situações, aprendem a lidar com conflitos e até mesmo a tomar decisões”, salientou.
Os pais e responsáveis têm uma atuação importante nesse processo. “A família exerce uma grande influência porque educa e ensina como utilizar de forma segura e responsável, demonstrando interesse nos assuntos dos filhos, estabelecendo uma confiança e mantendo uma relação de diálogo”, frisou.
Recomendações no uso de telas
Quanto ao tempo de utilização diária ou a duração ideal para o uso das telas, Marluce recomenda o uso limitado e proporcional às idades e às etapas do desenvolvimento. “Os estudos comprovam que para menores de dois anos, o ideal é evitar qualquer tipo de exposição. Já para as crianças entre dois e cinco anos, a orientação é de uma hora com a supervisão dos pais ou cuidadores. Entre seis e 10 anos, seria de duas horas com a supervisão de um responsável e entre 11 e 18 anos, de três horas, evitando o período da noite”, finalizou.