Entrevista com Isabella Costa, ginasta que, sem patrocínio, acaba de ficar entre as 10 melhores do Brasil (Top 10) no campeonato nacional

“Tudo isso é uma motivação, eu saí do interior do Tocantins e hoje estou em Aracaju, treinando entre as melhores do Brasil”

Isabella Costa Siqueira, 14 anos, deixou o Estado do Tocantins, onde não havia uma estrutura para a prática de ginástica rítmica de alto nível e veio para Aracaju, por indicação de sua técnica.

A treinadora indicou Florianópolis, Salvador e Aracaju, mas ela e sua mãe, Mônica Costa, decidiram por Aracaju, por ser uma cidade mais pacata e por contar com atletas de alto nível, componentes do time da seleção brasileira.

No último campeonato nacional, Isabella representou Sergipe, sem qualquer patrocínio, mas com apoio fundamental de sua escola, o Colégio Americano Batista.

A seguir, íntegra da entrevista concedida ao CinformOnline:  

CinformOnline – Como acontece o treinamento de Isabella, nesse momento?

Mãe: Uma parte dos treinamentos ocorre no Centro Talita Almeida e outra no Clube Esportivo Sergipe.

CinformOnline – Isabela, com que idade você começou os treinamentos?

Comecei com 8 anos.

CinformOnline – Como você descobriu essa inspiração para a ginástica?

Então, lá no Tocantins eu estudava em uma escola municipal. No início, minha mãe queria muito que eu fizesse balé, que era uma das atividades que havia na escola, mas no intervalo das aulas havia algumas meninas que treinavam, mas eu não sabia o que era, até que um dia eu fui até a quadra, já que tinha chegado atrasada para a aula e havia algumas meninas treinando com fitas, a ginástica rítmica com fitas, fazendo spaccata, abertura, e quando eu cheguei lá achei muito interessante e foi daí que perguntei para minha mãe se ela podia verificar o que era, se eu poderia tentar. Naquela hora eu tirei o olho do balé e fui direto para a ginástica.

CinformOnline – Bem, isso foi em 2014, e por que a mudança para Aracaju?

Mãe – Nós moramos aqui, em 2018, e a mudança para Aracaju ocorreu quando a técnica dela orientou que ela precisava fazer alguns cursos, de mais aprimoramento, porque no Tocantins não tinha estrutura, a ginástica rítmica não era conhecida e ela só representava a escola nos torneios estaduais, regionais… ela era o nome da ginástica rítmica no Tocantins, e a técnica disse “olha aqui ela já deu no teto e eu vou indicar vocês para Florianópolis, Salvador ou Aracaju. Como eu não gosto de frio e Salvador é muito agitado, nós escolhemos Aracaju e, em dezembro de 2018, ela fez o primeiro curso aqui e foi quando a professora, que é a treinadora da Seleção Brasileira viu a performance de Isabela. Em janeiro de 2019, ela veio morar com um casal pelo sistema bee and bee, e em fevereiro de 2019 eu vim. Mas, como Isabela não tinha o costume de treinamento de elite, era muito puxado e ela não tinha ainda essa maturidade como atleta de elite, foi muito dolorido, o sofrimento dela era intenso, ela vinha de um treinamento com uma excelente técnica [no Tocantins] mas não era esse ritmo de treinamento de elite.

CinformOnline – O que ocorreu, exatamente?

Mãe – Ela chegava em casa chorando, com dores, não tinha estrutura. Nem eu emocional e nem ela emocional e física, e aí quando foi em julho, seis meses depois, nós voltamos ao Tocantins.

CinformOnline – Para você, Isabella, como foi essa experiência, já ouvimos sua mãe, e você?

Eu treinava pela manhã, das 8 às 12, saía para o almoço e voltava antes das 2 horas. Depois, treinava até de noite, mais ou menos até 7 ou 9 da noite. No Tocantins era só eu que treinava, aqui tinha as outras meninas e o nível era muito alto, eu saía com muitas dores pelo corpo, o treino era muito intenso, como até hoje é, mas meu corpo já está automatizado, só que antes eu era muito imatura, não estava preparada e meu corpo não era adaptado para aquele regime de treinamento, e assim que desestabilizamos, voltamos ao Tocantins. Depois voltamos para Aracaju e hoje eu tenho certeza que consigo estabilidade, inclusive emocional, que é muito importante para esse tipo de treinamento.

CinformOnline – Qual a sua idade, Isabella?

Tenho 14 anos

CinformOnline – Quais são os seus sonhos, Isabella?

Penso muito em entrar para a seleção. Claro que todo mundo pensa isso, mas uma dessas pessoas sou eu. Eu tenho o objetivo de entrar numa seleção, é o meu objetivo maior, depois de todos esses conflitos e aprendizagem, até já comecei meu treinamento mental para atletas, quando a gente prepara a nossa mente, o emocional, com uma treinadora mental para atletas.

Mãe – Por conta disso eu me preparei, fiz até um curso de couch para adolescente, na minha casa chegavam, nos fins de semana, 10, 12 meninas e eu precisava saber como lidar com elas e hoje Isabela tem a treinadora mental. Inclusive, nas olimpíadas vocês viram o caso da Simone Bayer, que é o nome da ginástica no mundo. Ela desistiu de muitas provas porque precisou estabilizar sua mente. Quando a gente olha para Rebeca, que foi a nossa explosão no ouro da ginástica artística, foi uma das coisas que ela falou, que conversa muito coma psicóloga. O treinamento mental no esporte de alta performance é muito importante, porque se exige muito no físico e no emocional. É preciso equilíbrio físico ¬ treinamento, alimentação, nutrição, sono ¬ e precisa também o equilíbrio mental, psicológico, espiritual.

CinformOnline – Sobre a questão financeira, existe algum patrocínio?

Mãe – Nós temos a “mãetrocínio” e a “famíliatrocínio”.

Isabela – É, nós ainda estamos nesse processo de conseguir patrocínio, parceria, só que por conta da pandemia muita gente cortou patrocínios para atletas, mas graças a Deus eu tenho a ajuda da minha família, desde que comecei, é família, não tenho assim patrocínio que eu possa divulgar.

Mãe – Os uniformes eu faço, as malhas em compro e faço a aplicação das pedrinhas brilhantes, uma por uma. Cada uma malha dessa custa R$700 reais e ela precisa ter 5 unidades.

CinformOnline – Como fica a questão da escola?

Bem eu faço porque é importante, preciso ter notas para continuar na ginástica, preciso do Inglês, para sair do Brasil, do Português, mas é uma coisa que a gente tem que encarar com responsabilidade, porque sem a escola a gente fica sem treino, tem que ter as notas. Quero ressaltar que o colégio onde eu estudo, que é o Americano Batista, também me apoia, apoiou a minha participação no Campeonato Brasileiro, já que o custo foi muito alto, foi o primeiro campeonato brasileiro depois de dois anos, então eu devo muito ao Americano Batista, sua diretora, o coordenador de esportes, eles me ajudaram bastante na viagem, com hospedagem, alimentação. O Americano Batista me dá bolsa integral. O campeonato brasileiro é o local onde os olheiros acompanham, há uma pontuação para cada ginasta, cada detalhe é observado, é onde acontece a possibilidade de patrocínio para as meninas.

CinformOnline – Como foi sua participação nesse certame nacional?

Eu cheguei ontem (dia 17) e conquistei uma ótima posição, foram 79 meninas no juvenil, e eu fiquei em 29º lugar no geral e 10º (Top 10), no individual com bola. Então, eu sou a número 10 no país, competindo com 79 ginastas. Como é meu primeiro campeonato brasileiro foi uma conquista que me surpreendeu, passei para a final, fiquei muito feliz, porque competi em quatro aparelhos e fui muito bem, surpreendente.

Mãe – Ela me surpreendeu como mãe e como ex-atleta, porque ela participava de torneios regionais e estaduais, então, sendo o primeiro campeonato nacional dela, preciso ir aos veículos de comunicação para dizer olha, essa é minha filha…

Isabela – Lá [em Tocantins] eu treinava de 2 às 6 da tarde, numa quadra que a gente tinha que limpar antes, varrer para retirar a areia, ou passar o rodo quando chovia e agora eu treino em tapete, numa cidade onde é o berço da seleção, tudo isso é uma motivação, eu saí do interior do Tocantins e hoje estou em Aracaju, treinando entre as melhores do Brasil.

“Penso muito em entrar para a seleção. Claro que todo mundo pensa isso, mas uma dessas pessoas sou eu. Eu tenho o objetivo de entrar numa seleção, é o meu objetivo maior”

“Quero ressaltar que o colégio onde eu estudo, que é o Americano Batista, apoiou a minha participação no Campeonato Brasileiro, já que o custo foi muito alto, foi o primeiro campeonato brasileiro depois de dois anos, então eu devo muito ao Americano Batista”

“Eu cheguei ontem (dia 17) e conquistei uma ótima posição, foram 79 meninas no juvenil, e eu fiquei em 29º lugar no geral e 10º (Top 10), no individual com bola. Então, eu sou a número 10 no país, competindo com 79 ginastas”

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