Procedimentos cirúrgicos  realizados sem esterilização de equipamentos, instrumentos de uso privado utilizados compartilhadamente e fazendo proliferar graves infecções hospitalares, alas sobrecarregadas, pacientes à espera de cirurgias e, o mais grave, um índice de mortalidade de 40% na ala vermelha, são algumas das graves irregularidades que foram detectadas no Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) por enfermeiros e profissionais da saúde ligados ao Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Sergipe.

De acordo com a presidente do Sindicato dos Enfermeiros, Shirley Marshal Díaz Morales, nem todas as salas de operação do centro cirúrgico estão em funcionamento. Por conta disso, pacientes aguardam a realização de cirurgias na área de trauma, que é a ala verde, mas não conseguem ser atendidos.

“Os pacientes aguardam na ala verde de traumas, destinada a ortopedia, e também na ala azul, à espera por cirurgias que não estão sendo feitas. Enquanto isso, a ala vermelha do hospital tem funcionado como se fosse uma espécie de semi-intensiva, onde pacientes que teriam que ser internados na UTI não conseguem vagas e têm que ficar por lá”, revelou.

Pacientes que precisam de cuidados mais intensos precisam ser transferidos para a ala vermelha do hospital, segundo a presidente do sindicato, uma ala que teria sido construída para o paciente passar horas, mas que agora conta com pacientes internados há meses no local.

“No local só há 16 leitos com saída de oxigênio. Teoricamente, cada leito precisaria ter o seu monitor para verificar os sinais vitais e o respirador, caso fossem necessários, com as devidas cânulas para aspiração. Mas por lá tem ficado mais ou menos entre 30 a 40 pacientes, ao invés de 16, sendo que no local só existem quatro monitores completos para verificar todos os sinais vitais. Por conta dessa sobrecarga e sem a estrutura de emergência necessária, os pacientes estão morrendo e o índice de mortalidade na área vermelha hoje é de 40%, as pessoas têm morrido. O índice de mortalidade é de 40%”, informa a presidente.

Alguns aparelhos chegaram no Huse a fim de serem distribuidos mas, segundo Shirley, até o momento foram destinados apenas para a UTI e não para a ala vermelha. Os equipamentos da UTI desceriam para a ala vermelha, que hoje está até com compartilhamento de material.

INFECÇÃO HOSPITALAR

“Os pacientes compartilham a mesma sonda que faz aspiração para poder retirar toda secreção acumulada para que possam respirar, o que termina por provocar contaminações. O profissional de saúde fica na situação entre ver o paciente morrer ou tomar a única providência que resta que é compartilhar equipamentos, provocando conscientemente a transmissão cruzada de infecções respiratórias, o que é muito grave”, denuncia a presidente do sindicato.

Não só os pacientes estão adoecendo, mas os profissionais de saúde também. Há poucos profissionais e uma demanda muito grande de todo o estado.

Shirley explica que o sindicato está orientando alguns enfermeiros a prestarem Boletim de Ocorrência. “Nenhum profissional é obrigado a trabalhar nessa situação. Muitas vezes não conseguem salvar vidas. Nós, enquanto sindicato, entraremos com uma ação contra o Estado”, declara.

A presidente aponta ainda os problemas encontrados no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Segundo ela, não está funcionando corretamente. “Recebemos uma denúncia recente de que pacientes que eram da cidade de Estância e teriam que ir, por exemplo, para a regional da cidade, foram para o Huse por meio de solicitação de políticos. Nós encaminhamos a denúncia ao Ministério Público Estadual e estamos aguardando a resposta”, relata.

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