Criança ou adulto que mantém uma tosse persistente, que dura mais de 15 dias, chegando a 30 dias, merece uma atenção especial. Segundo o médico pneumologista, Dr George Amado, mesmo que seja um mecanismo de defesa importante para o corpo, ajudando a expelir substâncias estranhas e prevenindo infecções respiratórias, a tosse prolongada sinaliza que algo está errado e precisa ser identificado e adequadamente tratado.

Algumas das causas mais comuns são o refluxo gastroesofágico, que se caracteriza pela tosse e pigarro, inclusive podendo aparecer mesmo sem os sintomas típicos do refluxo (azia e queimação); Infecções respiratórias, como tuberculose pulmonar, pneumonia, sinusite, bronquite infecciosa; Asma, que pode se manifestar, inclusive, somente com tosse persistente, sem falta de ar; e Doenças Respiratórias Alérgicas, como rinite alérgica, que causa tosse, principalmente, pelo gotejamento nasal posterior.

Outro fator muito comum é o Tabagismo. Tanto o cigarro convencional como o eletrônico ocasionam um processo inflamatório nas vias respiratórias, podendo provocar tosse persistente. “Alguns medicamentos de uso crônico para tratar pressão podem também causar tosse persistente, além de Câncer de Pulmão e Doenças respiratórias crônicas comuns em adultos, como a DPOC (enfisema pulmonar e bronquite crônica) e fibrose pulmonar”, disse Dr George.

Dr George Amado, pneumologista

Segundo o especialista, os pais devem ficar atentos, tratando de forma preventiva as doenças respiratórias crônicas comuns em crianças, como rinite alérgica e asma, mantendo-as controladas. Algumas medidas adicionais podem contribuir para evitar a tosse persistente nos pequenos, como manter a vacinação em dia, lavar as mãos frequentemente, principalmente antes do manuseio de bebês, evitar o contato com pessoas com sintomas respiratórios, não fumar perto da criança (tabagismo passivo inflama o aparelho respiratório e pode também provocar tosse), manter a casa limpa e livre de pó, poeira e outros aeroalérgenos.

 

Dr George Amado alerta que pacientes com tosse persistente por patologia respiratória alérgica, além de tratar adequadamente a patologia de base, devem evitar o uso do ventilador, preferindo o uso do ar condicionado, com manutenção higiênica em dia e mantendo temperatura do ambiente nos seus 24 graus. “É importante evitar excesso de bebidas geladas e banho de piscina ou mar nos períodos de descontrole da doença respiratória alérgicas”, pontua.

Xaropes devem ser usados?

Assim que percebe que seus filhos estão tossindo muito, alguns pais recorrem logo aos xaropes expectorantes para alívio dos sintomas. Porém, o pneumologista lembra que eles funcionam, meramente, como paliativos, aliviando temporariamente os acessos de tosse, porém sem tratar a causa da tosse. “Eu, como médico pneumologista, desencorajo o uso de xaropes para tratamento de tosse persistente. Nos meus 19 anos de prática pneumológica, já presenciei alguns casos de câncer pulmonar que foi tardiamente diagnosticado por causa do uso prolongado e indiscriminado de xaropes para “tratar” a tosse que estava sendo causada pelo câncer, retardando o diagnóstico”, comenta.

“A tosse persistente pode ser um sintoma de pneumonia, mas nem sempre é um indicador claro dessa doença. Além da tosse, alguns sinais de alerta: febre, falta de ar ou desconforto respiratório, dor torácica, queda do estado geral e confusão mental (principalmente em idosos). É preciso lembrar sempre que se a tosse estiver associada à falta de ar, dor no peito, febre alta, prostração ou perda de peso, é importante procurar atendimento médico imediatamente”, conclui

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