Credenciamento do Serviço de Transplante de Medula Óssea em parceria estratégica com o Hospital São Lucas Rede D’Or marca um avanço importante na oferta de tratamentos de saúde de alta complexidade na região

O Instituto de Promoção e Assistência à Saúde dos Servidores do Estado de Sergipe (Ipesaúde) celebra uma conquista significativa em 2023 com o credenciamento do Serviço de Transplante de Medula Óssea em parceria estratégica com o Hospital São Lucas Rede D’Or. O lançamento do serviço marca um avanço importante na oferta de tratamentos de saúde de alta complexidade na região.

O diretor de Assistência à Saúde do Ipesaúde, Sylvio Maurício Mendonça Cardoso, destaca que o acesso a esse serviço é garantido aos beneficiários por meio de um contrato estabelecido com o Hospital São Lucas, que assegura que os pacientes recebam cuidados especializados e de qualidade. “O paciente, ao apresentar indicativos, passa por uma avaliação criteriosa dos especialistas, sendo prontamente disponibilizado para o procedimento. O Hospital São Lucas está completamente equipado e preparado para realizar transplantes de medula, com os pacientes já tendo acordado os três estágios do procedimento no momento da admissão no serviço”, enfatiza o diretor.

Além disso, durante a Semana de Mobilização Nacional para Doação de Medula Óssea, que ocorre de 14 a 21 de dezembro, o Ipesaúde reforça a importância vital da doação. Em um gesto de solidariedade, a comunidade é incentivada a contribuir para aumentar as chances de sucesso dos transplantes de medula óssea e oferecer esperança a quem enfrenta essa jornada desafiadora. A implementação desse serviço marca um passo significativo na promoção da saúde e bem-estar dos servidores do estado de Sergipe, consolidando o compromisso do Ipesaúde com a excelência no atendimento médico.

A hematologista Ohana Caroline Machado Bispo Passos, integrante do Grupo de Transplante do Hospital São Lucas Rede D’Or, afirmou que o hospital é credenciado no estado para a realização de transplantes de medula óssea autólogo (no qual as células precursoras da medula óssea provêm do próprio indivíduo transplantado – receptor).

Conforme a especialista, o trabalho é realizado em equipe. “Somos três hematologistas, dois oncopediatras, sendo que um deles é especializado em hemoterapia”, diz, acrescentando que o hospital possui uma ala oncológica com um total de 11 leitos, dos quais dois são destinados ao transplante de medula óssea. Esses leitos contam com quartos diferenciados, antessala com pressão negativa, quartos com pressão positiva, filtro hepa e uma área isolada para a realização do transplante”, relata.

A médica disse ainda que, até o momento, oito pacientes do Ipesaúde foram beneficiados, sendo que o transplante de dois deles foram realizados este ano, após o credenciamento do serviço. “É de suma importância ter um serviço de transplante de medula óssea em Sergipe, pois antes desse serviço, os pacientes tinham que se deslocar para realizar o transplante em outro estado”, ressalta.

Dentre os oito pacientes do Ipesaúde que realizaram o transplante está o policial militar Ariosvaldo dos Santos. Ele passou por um procedimento de transplante de medula óssea em 6 de abril deste ano, após enfrentar uma árdua batalha contra dores e medicamentos para tratar o mieloma múltiplo, um tipo de câncer. Ele relata que as dores começaram em 2019, seguidas por uma fratura atípica na coluna. “Após a cirurgia, a biópsia foi inconclusiva, e o neurocirurgião me encaminhou para a hematologista. Após diversos exames, iniciei a radioterapia. Realizei todas as 25 sessões em outra clínica credenciada pelo Ipes, sempre com acompanhamento médico”, conta.

Infelizmente, em 2022, as dores retornaram de forma intensa, confirmando o diagnóstico de câncer. O beneficiário relata que chegou a ficar em uma cadeira de rodas e a depender de morfina a cada quatro horas. “Fui encaminhado para o tratamento quimioterápico, e como minha resposta foi positiva, fui indicado para o transplante. Este ano, realizei o transplante, e posso afirmar que minha qualidade de vida melhorou em 100%. Nos próximos dois anos, continuarei no tratamento quimioterápico, tomando um comprimido e mantendo acompanhamento médico pelo Ipesaúde. No entanto, hoje, estou sem dor”, afirma.

Transplante de medula óssea

Existem dois tipos de transplantes de medula óssea: o autólogo (no qual as células precursoras da medula óssea provêm do próprio indivíduo transplantado – receptor) e o alogênico (no qual as células precursoras da medula provêm de outro indivíduo – doador – de acordo com o nível de compatibilidade do material sanguíneo).

Conforme a hematologista, até o momento, o Serviço de Transplante de Medula Óssea está credenciado apenas para a realização de transplante autólogo, onde é utilizada a célula do próprio paciente. Segundo ela, o transplante autólogo consiste em três etapas: a mobilização das células-tronco, a coleta de células-tronco e a quimioterapia, esta última com a finalidade de destruir todas as células imunes para o recebimento de uma nova medula óssea.

“Depois da quimioterapia, a gente faz a infusão da célula-tronco, que é quando a gente devolve a célula do paciente que foi coletada, e demora um tempo para que a célula povoe novamente a medula e o paciente se recupere. Logo após, tem um período mais crítico do transplante, que é quando as células de defesa estão praticamente zeradas. Quando essas células de defesa começam a se reproduzir, então acontece o que a gente chama de ‘pega da medula’. Aí a gente comemora, porque o paciente começou a ter novamente o funcionamento da medula. O paciente só recebe alta quando tem a pega da medula e não apresenta nenhuma infecção. Depois disso, começa a etapa de vacinação até os seis meses, e ele volta a ser acompanhado pela sua equipe assistente”, explica.

Ohana Bispo afirma que para que tudo isso aconteça é preciso ter uma equipe médica e também uma equipe multidisciplinar, composta por um cardio-oncologista, que faz as avaliações pré-transplante; um odontologista, um enfermeiro, um nutricionista e um psicólogo. “O paciente, quando é encaminhado para a realização de um transplante de medula óssea, passa pela equipe médica de hematologistas, que valida a indicação e encaminha para a cardio-oncologia para que o paciente seja liberado para a psicologia e, em seguida, para a odontologia. É preciso ter o consentimento desses profissionais para que, junto com a liberação médica, o transplante seja programado”, revela.

 

 

Fonte: Agência Estado – SE

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