O projeto traz como objetivo integrar a equipe de profissionais com o paciente e seus familiares

Dona Duda é uma mulher forte e guerreira, mãe de 14 filhos, viúva, católica e apaixonada pela família. Gosta de costurar, fazer roupa de boneca e cuidar das plantas, adora ouvir músicas de Padre Marcelo Rossi e Roberto Carlos. Ela tem como animal de estimação muitos periquitos e gosta de conversar sobre a família, os filhos e netos.

Já Rafa gosta de conversar sobre tudo, adora ficar olhando o site da OLX, é apaixonado pelas filhas e pela vida. Seu estilo musical é o brega e música de caminhoneiro que é a sua profissão.

Histórias como essas são contadas diariamente na UTI 2 – Covid, do Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse), através do projeto de humanização “Correio Afetivo” que traz como objetivo integrar a equipe de profissionais com o paciente e seus familiares. Isso porque na hora da visita, o familiar é contactado e as informações como nome, como ele gosta de ser chamado, o que gosta de fazer, música preferida, sobre o que gosta de conversar, entre outras informações essenciais são repassadas, facilitando a comunicação da equipe com o paciente, mesmo eles estando intubados.

A gerente da UTI 2 – Covid do Huse, Luciany Amâncio, explica que a resposta do paciente diante da comunicação feita é sempre muito boa e positiva. “Eles acordam lembrando de coisas que a gente falou e acham que sonharam com alguém que veio, com alguma música”, disse.

Do lado de fora da UTI existe um corredor com “prontuários afetivos” que identificam pessoas internadas por meio de suas paixões e funcionam com os familiares repassando as informações para a equipe que faz o resumo e o mesmo é colocado no beira-leito do paciente. Lá dentro, o prontuário tem a foto do paciente como ele era antes de estar ali e isso chega a ser impactante para a equipe. “Isso acaba interagindo, faz com que a família tenha confiança e fortalece o querer bem deles, a linha de cuidado acaba sendo mais direta”, explicou Luciany Amâncio.

A árvore da vida também faz parte do corredor afetivo e tem um significado muito forte. “A UTI não é um local de sofrimento e sim de recuperação e a árvore da vida está cheia assim porque eu tenho todas essas pessoas que nos ajudam, são todos os colaboradores que temos aqui desde a limpeza, a farmácia, a nutrição, fono, enfermeiro, médico, todo mundo faz parte e ela só consegue ficar bonita desse jeito se todo mundo fizer a sua parte, senão ela fica falha, por isso colocamos para mostrar o quanto eles são importantes na recuperação de cada paciente”, enfatizou a gerente da UTI Covid.

A psicologia também atua em conjunto com a equipe e quando os familiares levam as mensagens elas são lidas pela psicóloga e se o familiar não quiser participar não tem problema, o paciente vai receber mensagens dos profissionais que trabalham no setor na torcida pela sua recuperação. “É uma atividade muito importante, as famílias se sentem acolhidas, se sentem parte do processo de hospitalização devido à ausência da visita diária. É importante, é humano, é uma forma de a gente passar um carinho e uma coisa boa para o paciente mesmo ele estando sedado, é uma via de mão dupla, porque a gente sabe que a fala, a escrita faz bem tanto para quem escuta quanto para quem fala e quem escreve, é terapêutico”, finalizou a psicóloga da UTI 2 – Covid do Huse, Fernanda Oliveira.

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