Presidente destaca o processo de interiorização do gás já em pleno andamento em Sergipe
Por Habacuque Villacorte – Da Equipe CinformOnline
A equipe do CINFORM ONLINE entrevistou o presidente da Sergás, Valmor Barbosa, que fez um relato a respeito do novo mercado do gás em Sergipe. Ele destaca a Nova Política de Interiorização do GNV no Estado que é uma determinação do governador Belivaldo Chagas (PSD) e fala um pouco da expansão já em andamento no município de São Cristóvão. Valmor também enfatiza o valor agregado para Sergipe como um todo com a instalação da usina Termoelétrica na Barra dos Coqueiros. Ele fala do volume de investimentos (contrapartidas) e impostos para o município e o próprio Estado. Confira a seguir, e na íntegra, esta entrevista exclusiva:
CINFORM: Iniciando a entrevista, aqui em Sergipe, apesar de todos nós reconhecermos a importância da Sergás, muita gente ainda não conhece a fundo a relevância desta empresa. O que, de fato, gerencia a Sergás?
VALMOR BARBOSA: O nosso maior desafio tem sido esse, que é demonstrar qual é o papel da concessionária estadual de gás. Nós trabalhamos com gás canalizado! É o gás que é fornecido para os postos de gasolina para se transformar no GNV e abastecer os veículos. O gás que vai para a indústria, para a residência, para o comércio, padaria e restaurantes, por exemplo, ele é chamado de gás natural canalizado. Ele é distribuído através de gasoduto. E, diferente do que as pessoas pensam, nós não temos nenhum vínculo com o gás liquefeito de petróleo (gás de botijão). A Sergás não tem competência para isso! Muita gente ainda desconhece essa diferença.
CINFORM: Mas além de se buscar o entendimento por parte da sociedade, o que tem desenvolvido a Sergás?
VALMOR BARBOSA: Estamos buscando expandir essa rede de gasodutos para que, cada vez mais, a gente consiga mais clientes cativos de todos os segmentos. Além, é claro, de buscar interiorizar esse gás natural.
“Nosso desafio é demonstrar
qual é o papel da concessionária
estadual de gás”
CINFORM: Nós temos conhecimento de que se formou uma “gerência tripartite” para gerir os investimentos da Sergás em Sergipe. Para que as pessoas tenham um entendimento maior, como se dá esse modelo gerencial?
VALMOR BARBOSA: Aqui temos uma formação societária de uma empresa de economia mista que tem o Estado de Sergipe com 51% de ações ordinárias. O grupo Mitsui Gás corresponde a 24,5% e a Gáspetro (subsidiária da Petrobras) também com 24,5%. Você gerir a Sergás é um negócio em que você compra o gás de um determinador supridor (Petrobras) e distribui para os seus clientes cativos. O nosso papel principal aqui é vender gás canalizado. E essa receita é que faz o custeio dessa empresa.
CINFORM: Verificando a empresa, percebe-se que não há excessos de funcionários, que se trata de uma “gestão enxuta”, ou não?
VALMOR BARBOSA: A Sergás conta com 57 concursados; 13 contratos de trabalho, com pessoas do segmento do gás e que estão aqui há mais de 10 anos; temos algo em torno de 20 terceirizados (vigilantes, recepcionistas, motoristas, serventes, agentes de limpeza e estagiários). São 93 pessoas em uma empresa muito enxuta, o que possibilita você ter essa flexibilização. Empresa que, todo final de ano, faz a apuração do resultado e, no ano seguinte, há uma distribuição proporcional de dividendos aos acionistas. Isso está no Estatuto Social da Empresa.
CINFORM: Mas qual o seu retorno quanto a investimentos para o governo do Estado? Chega a contemplar a gestão estadual?
VALMOR BARBOSA: 2020 foi um ano muito atípico por conta da pandemia. Nos exercícios anteriores nós tivemos alguns resultados que também não foram dentro do esperado até por conta do preço elevado do gás, mas a nossa principal missão é atender bem a sociedade. Nosso planejamento é de cada vez mais buscar a expansão do serviço. Essa é uma determinação governador Belivaldo Chagas para que a gente possa interiorizar esse gás, leva-lo para cada vez mais municípios. Nossa política é que a sociedade conheça o nosso papel, que a gente pratique cada vez uma tarifa acessível, e que a gente possa expandir esse fornecimento para o interior, para pólos como Nossa Senhora da Glória, Itabaiana, Lagarto, Umbaúba que tem muita cerâmica. Em breve nós queremos chegar a esses municípios.
CINFORM: Ainda dentro desse processo de “interiorização”, o senhor pode detalhar melhor esse investimento?
VALMOR BARBOSA: Nós fizemos alguns investimentos em São Cristóvão, pelo lado da estrada da Cabrita, pelo bairro Santa Lúcia e já temos gás em outros municípios. Temos lá uma expansão pelo lado do Rosa Elze e Eduardo Gomes. Em Estância, por exemplo, nós temos vidreiras, temos postos de gasolina, a Ambev, a Crown, fábrica de tecidos. O gás é hoje um combustível de transição. Primeiro porque ele polui muito menos. Em tem a menor taxa de CO2. Nosso sistema não tem interrupção, temos fábricas trabalhando às 24 horas e nós temos que fornecer por igual. É um serviço seguro que as empresas e condomínios estão percebendo que a saída é o gás natural.
“Foi uma somação de esforços, por
determinação do governador, para que
todos os obstáculos fossem retirados”
CINFORM: E quanto à chegada da Termoelétrica em Sergipe? O que isso representa pelo tamanho do investimento e existe alguma possibilidade de parceria com a Sergás?
VALMOR BARBOSA: Podemos dizer que Sergipe se classificará com um “antes e depois” da Termoelétrica. O valor agregado à sua implantação, como a maior Termoelétrica a gás da América Latina, é gigante. Ela tem capacidade para gerar 15% da energia de todo o Nordeste. É um empreendimento grandioso e isso para Sergipe é importante. Na região da Barra dos Coqueiros até o porto você percebe o crescimento, porque foi possível com essa instalação as contrapartidas para o município, com impostos pagos. Para o Governo tem a reforma de prédios públicos, no emprego de mão de obra. Quantas empresas sergipanas trabalharam na construção? Sem contar que você tem uma usina em seu território que gera energia para o Brasil todo! Qualquer consumidor que queira comprar energia, vai poder. Temos ainda um navio, na nossa Costa, que além de armazenar uma quantidade grande de gás, ele também regaisefica. Isso vai possibilitar também a vender gás. Estamos buscando uma proposta da Celse para a comercialização do gás. Eles têm gás para gerar energia e para vender para quem quiser comprar também.
“Podemos dizer que Sergipe se classificará
com um ‘antes e depois’ da Termoelétrica”
CINFORM: Falando em retomada de investimentos, temos também a retomada da Fafen com os postos de trabalho. Como tem sido essa relação com a Sergás?
VALMOR BARBOSA: A importância do arrendamento da Fafen é que você tinha uma fábrica que gerava emprego; ao seu redor, você tinha várias empresas comercializadoras e misturadoras; o transporte e a mão de obra local; os hotéis recebiam os executivos; são valores agregados por conta dessa atividade. Graças a Deus em um esforço grande do governador Belivaldo Chagas que retirou todos os obstáculos para ajudar na recuperação desses postos de trabalho e investimentos. É uma fábrica importante que a Sergás já está operando e mantendo, fornecendo gás; eles estão azeitando a máquina, fazendo testes e, a partir do próximo dia 29, eles vão iniciar a produção. A DESO e a SEDETEC também tiveram papéis importantes nisso tudo. A Agrese e a Sefaz com a parte tributária. Foi uma somação de esforços, por determinação do governador, para que todos os obstáculos fossem retirados. Tudo dentro da legalidade e obedecendo a legislação. Quantas pessoas foram contratadas? Volta tudo!
CINFORM: A gente houve falar tanto em investimentos, em geração de emprego e renda, mas e o papel social da empresa? A Sergás ajuda alguma entidade? Após algum projeto?
VALMOR BARBOSA: Nós entendemos que esse ponto é fundamental. Para qualquer empresa ou companhia, e aqui eu não abro mão disso. A própria diretoria entende essa necessidade da gente ajudar, dentro das condições da empresa, algumas entidades. Nós ajudamos o SAME mensalmente, a Liga Feminina de Educação e Combate ao Câncer; fizemos no final do ano uma campanha de distribuição de alimentos para outras entidades que cuidam de crianças carentes; e entidades que cuidam dos animais. Este ano vamos massificar o uso do gás natural, em sua casa, em seu veículo, sua indústria, a segurança desse serviço.
CINFORM: Mas e quanto ao gás veicular? O consumo tem crescido ou não aqui em Sergipe? Qual a realidade?
VALMOR BARBOSA: Antes dessa pandemia nós percebemos uma estagnada nessa questão do gás natural. Como a gente depende e compra gás da Petrobras, com a alta do preço do petróleo, o GNV também sobe, porque nós somos obrigados a acompanhar esse reajuste e findamos repassando para os clientes. Isso espantou bastante as pessoas que tinham feito a conversão de seus veículos. Em 2020 tivemos um ano muito bom para o GNV, mas a pandemia diminuiu significativamente. O governo ajudou reduzindo de 18% para 12% o ICMS para o gás veicular; após algumas reduções no preço, nós tivemos um pequeno aumento em novembro passado, mas mesmo assim, nós fechamos o ano passado com uma redução de 19% em relação a 2019. Voltou a ser interessante!
CINFORM: Mas o volume aumentou? O consumo? A pandemia atrapalhou?
VALMOR BARBOSA: O volume não voltou, por conta da pandemia as aulas foram suspensas, assim como várias outras atividades. Você não tinha tantos veículos circulando, inclusive dos motoristas de aplicativos. Aí era inevitável que você tivesse essa redução. Mas nós percebemos que estamos retornando à normalidade. Mas apenas ele, porque o setor industrial, residencial e comercial já retornou ao “novo normal”.
CINFORM: Concluindo a entrevista, seu nome sempre é cotado para assumir outras Pastas no governo do Estado ou em uma Prefeitura Municipal. Existe a possibilidade de o senhor “mudar de ares” em breve?
VALMOR BARBOSA: Eu sou um servidor público de carreira da Prefeitura de Aracaju. Há 35 anos sou concursado, estou no Estado há 12 anos, e eu sou um soldado. Foi isso que disse ao governador quando ele me convidou para a Sergás. Nosso objetivo comum é o desenvolvimento de Sergipe. Mas não penso em qualquer deslocamento. Estou focado em aumentar a produção aqui na Sergás. A missão atual é levar gás para os mais distantes municípios sergipanos. Meu viés sempre foi mais técnico.