O mundo ainda enfrenta a Covid-19 quando reaparece mais uma doença para causar preocupação e deixar as autoridades de saúde e a população em alerta: a varíola dos macacos. A doença ressurgiu na Nigéria em 2017 e o primeiro caso humano dessa variante foi registrado em 1970 no Congo. Posteriormente, foi relatada em humanos em outros países da África Central e Ocidental.

Mas o que é essa doença? Por que ela tem causado tanta preocupação? Já existem casos notificados no Brasil? Para responder essas e outras perguntas, nós buscamos as respostas com a médica infectologista Dra Mariela Cometki, que atua no Hospital Cirurgia e Hospital e Maternidade Santa Izabel, em Aracaju, que alertou para a disseminação da doença para outras regiões do mundo, antes restrita apenas ao continente africano.

Segundo Dra Mariela, não há tratamento específico, apenas sintomático, com o objetivo de aliviar sintomas, prevenir e tratar complicações.

“A varíola dos macacos é uma doença infecciosa, uma zoonose que foi descoberta pela primeira vez em 1958, quando dois surtos de uma doença semelhante à varíola ocorreram em colônias de macacos. É causada por um vírus que pertence ao gênero ortopoxvírus da família Poxviridae. É uma doença febril, aguda, que ocorre de forma parecida à da varíola humana”, disse Dra Mariela.

Segundo a médica, sua transmissão ocorre pelo contato com gotículas exaladas por alguém infectado (humano ou animal) ou pelo contato com as lesões na pele causadas pela doença ou por materiais contaminados, como roupas e lençóis. Todos os pacientes que possuem comorbidades podem apresentar maior gravidade na maioria das doenças infecciosas e na varíola dos macacos não é diferente

“O paciente pode ter febre, dor no corpo e, dias depois, apresentar manchas, pápulas [pequenas lesões sólidas que aparecem na pele] que evoluem para vesículas [bolha contendo líquido no interior] até formar pústulas [bolinhas com pus] e crostas [formação a partir de líquido seroso, pus ou sangue seco]. É comum o paciente ter também dor de cabeça, nos músculos e costas. As lesões na pele se desenvolvem inicialmente no rosto para, depois, se espalhar para outras partes do corpo, inclusive genitais”, comentou.

Não há tratamento específico, apenas sintomático, com o objetivo de aliviar sintomas, prevenir e tratar complicações. As vacinas contra varíola comum protegem também contra a varíola dos macacos, com uma proteção de 85%, no entanto, não há vacinas disponíveis no mercado neste momento.

Vigilância

A Secretaria de Estado da Saúde (SES) observa com atenção o avanço da doença no mundo. De acordo com o diretor de Vigilância em Saúde, Dr Marco Aurélio Góes, já existem três casos suspeitos no Brasil, no Ceará, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A SES emitiu, no dia 23 de maio, uma ‘Comunicação de Risco’, com o objetivo apoiar na divulgação rápida e eficaz de conhecimentos às populações, parceiros e partes intervenientes

Dr Marco Aurélio Góes: “A SES mantém contato constante com os municípios

Nosso objetivo é possibilitar o acesso às informações fidedignas que possam apoiar nos diálogos para tomada de medidas de proteção e controle em situações de emergência em saúde pública, para que, havendo casos, estes possam ser notificados imediatamente para que as medidas de controle (coleta de exames, isolamento) sejam feita imediatamente e que não haja transmissão para outras pessoas”, disse.

Segundo o documento emitido pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde de Sergipe (CIEVS), no dia 7 de maio a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA) reportou o primeiro caso de Monkeypox que, acredita-se, tratar-se de um caso importado [Quando vem de outro país]. Até dia 31 de maio de 2022, foram notificados 462 casos em 24 países.

 

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