por Marcelo Iglesias
Games de estratégia não encontram muito espaço nos consoles. Uma das razões é mobilidade, reduzida por não se ter um mouse. Mesmo assim, há games de estratégia que não demandam de comandos velozes, como os títulos de estratégia em tempo real (RTS) como “StarCraft“. “This is the Police” é um exemplo claro de um game de estratégia que funciona bem nos consoles.
Publicado originalmente em 2016 para PC e Mac, o game ganhou edições para PS4, Xbox One e Switch no ano passado. Sem a necessidade de muitos movimentos sequenciais, o game coloca o jogador na pele de um chefe de polícia, que além de combater o crime em sua cidade, também precisa administrar seu time, manter um bom diálogo com a prefeitura, corregedoria, imprensa e até mesmo a máfia.
O enredo do game é excelente. Ao contrário da visão romântica que temos do comissário Gordon, com seu bigodão e refletor para acionar Batman quando as coisas fogem do controle em Gotham City, o tira de “This is the Police” é um sujeito em final de carreira, decadente, frequentador de casas de prostituição e que leva uma vida medíocre, contando os dias para se aposentar.
Visual minimalista
O jogo tem visual que lembra infográficos de jornal, com usos de contrastes e formas simples, sem excesso de detalhamentos, onde se consegue enxergar marcas de expressão dos rostos, mas sem fotorrealismo. Talvez a ideia da Weappy Studio era justamente reproduzir as infografias de jornal que explicam cenas de crime.
A jogabilidade é simples, basicamente o jogador precisa se ater às rotinas da delegacia. A agilidade está mesmo em responder as chamadas com rapidez e escalar as equipes que irão se dirigir ao local do crime. Brigas de bar, atropelamentos, discussão entre vizinhos fazem parte das ocorrências. No entanto, por mais simples que o chamado seja, a forma que os policiais irão conduzir as ocorrências, por meio de uma lista de opções de ações, é o que difere do êxito da tragédia.
Muitas vezes há ocorrências de crimes, em que o chefe de polícia deverá enviar detetives para o local. Nesse tipo de ocorrência, o investigador precisa colher depoimentos para tentar juntar as pistas de forma cronológica e chegar ao suspeito.
Quebra-cabeças
Essa parte do game lembra muito o clássico “Carmen Sandiego“, em que o jogador precisava assumir o papel de um detetive da Interpol, que tentava capturar uma ladra internacional. Todo o jogo, se dava pela tomada de decisões certas diante das pistas colhidas. Em “This is the Police“, a lógica é muito parecida.
Um lance legal é que o jogo oferece uma ótima trilha sonora, que vai do Jazz ao Clássico. No game, o jogador pode escolher a trilha que irá tocar a cada dia de trabalho. Muitas vezes, o terapeuta da corporação indicção jogador qual é o melhor para aliviar manter o equilíbrio emocional. Sim, o chefe fica nervoso com a rotina da delegacia e acaba tendo suas opções de decisões alteradas.
Veredito
“This is the Police” é um game inteligente, indicado para jogadores que não tem paciência para decorar combos, mas que tenham a tranquilidade para lidar com rotina burocrática do jogo. Muitas vezes, as coisas rodam de forma lenta, ou exigem que o jogador tenha serenidade para saber quando um dos oficiais está querendo “morcegar” ou realmente tem um problema pessoal. Essas pequenas nuances interferem do desempenho das ocorrências e não é raro um tira deprimido ser o estopim de um massacre numa briga de bar.